Chegamos ao final de mais um semestre. Espero que
tenha sido fácil para muita gente. Pra mim foi quase um suicídio. Ou qualquer
coisa parecida com isso, porém menos dramática.
Do semestre passado para esse, creio que passei a
trabalhar o dobro do que trabalhava antes. A carga horária ficou pesadíssima. O
salário, obviamente, ficou melhor e as distâncias ficaram menores... mas tenho
quase certeza de que isso não compensou meu baixo rendimento na faculdade, o
distanciamento dxs amigxs e família (por falta de tempo, não de afeto – devo
alertar antes que surjam especulações), a rotina insana que me fez correr de
uma escola para outra todos os dias (às terças-feiras são cinco)... não surtei
por muito pouco. Mesmo. Mas o corpo cobrou o preço e senti um abalo na saúde
(já estou cuidando, remediando).
Ao todo, com as aulas da faculdade, são sessenta
aulas por semana, saindo de casa às 6h40 da manhã e voltando só depois das 23h.
A maioria dos dias eu pude almoçar em casa, mas isso aumentou o tempo no
trânsito e os trechos dirigindo chegaram a OITO em um mesmo dia. Consumo de
combustível e problemas com o carro (incluindo um leve acidente com uma moto)
deram uma abrandada no salário. Estresse, estresse... e inexistência.
Tive pouquíssimos finais de semana para mim.
Lembro-me de dois em especial. Um no começo do ano, quando ousadamente fui a
São Paulo ver a exposição David Bowie (mas tinha comprado as passagens e o
ingresso ano passado, sem imaginar como seria a luta) e outro agora no começo
do mês, quando admiti que sou humano e me recusei a corrigir quatrocentas
provas.
Abri mão de um curso que eu estava fazendo (e que
será – pois ainda terminarei – muito importante para meu futuro) para trabalhar
aos sábados até meio-dia e trinta. Parei de correr na pista do zoológico pois
não tinha mais ânimo/tempo/paciência/vigor & disposição. Abortei os planos
de continuar em uma academia praticando yoga e pilates (exercícios que me
faziam tanto bem ao cérebro e ao corpo). E por fim, cruelmente, parei de ir
duas vezes por semana ao cinema. Acho que fui uma vez por mês, se tanto.
E agora começam as férias de julho. Estou uma
pilha... inquieto. Acho que meu corpo vai demorar mais do que os 10 dias que xs
psicólogxs dizem ser necessário para o organismo se adaptar às folgas. Claro
que ainda tenho pacotes de prova pra terminar (e pretendo fazê-lo antes do dia
1º). Dai quero ficar 48h sem ver ninguém. Tive uma overdose de pessoas e de mim
mesmo. Lispectorianamente, sempre fui um extremo e o oposto desse extremo ao
mesmo tempo. Gosto muito de estar rodeado de pessoas de todo tipo, mas preciso
de muitos momentos completamente isolado também.
Ter feito (literalmente – coordenando, produzindo,
inventando e participando) as duas apresentações com os Expression Boys foi
fantástico, mas contribuiu para o peso. Eu tolamente achei que fosse atenuar o
estresse. Inocente: onde eu encaixaria os ensaios? E meu repouso? Foda-se.
Fizemos e fomos muito bem, obrigado. A quem interessar, tudo documentado no
nosso perfil no FB (www.facebook.com/expressionboys). E àquelxs que insistem em
tentar (des)qualificar o grupo, recomendo leitura e estudo (sugiro a prova de
inglês da UFG de 2008). Yeah, não se trata de sexualidade. É só zoeira,
transgressão e diversão. Como dizem certas sábias avós: só podemos falar do que
conhecemos.
A saída do Colégio Delos foi um agravante. Não
digo administrativamente. Era o colégio mais distante da minha housedência
(exatos 15 km). A distância, porém, é proporcional ao amor que eu tenho pelxs
alunxs de lá. E admito que eu não tinha noção disso até minha recente visita ao
colégio. Foram tantos abraços sinceros, apertados... uma alegria tão... maluca.
Indescritível. São alunxs que considero DEMAIS. Sai de lá com um sorriso
gigantesco e a saudade apertando forte no peito.
Alunxs de todas as escolas, aliás, foram as
pessoas com as quais passei mais tempo esse semestre. Mais tempo do que passei
com minha famílias e amigxs. Em algumas salas sempre fui (sou) muito bem
recebido. Em outras, nem tanto. Compreendo. Estou estudando novamente e vejo isso
cotidianamente na faculdade. Posso garantir, entretanto, que não é por eu ser
professor que eu trato (ao menos tento) bem xs professorxs. Na faculdade,
inclusive, vejo xs professorxs como amigxs, no mínimo como aliadxs.
Na faculdade também foi o lugar onde fui percebendo
que fiquei sem paciência pra conversa rasa, piada batida, preconceito,
estupidez e picuinhas. Talvez se eu rezasse mais, né?
Vai ver sala de aula agora é isso... a internet
faz a gente achar que sabemos mais, sabemos de tudo. Mais, inclusive, do que
quem está ali na frente. Graças ao que quer que seja, nasci antes desse tempo.
A maior parte da minha vida escolar (estudante) sempre fui um aluno regular ou
ruim. Farrista, sim. Desrespeitoso? JAMAIS. Não está de acordo com as regras?
Vaza. Não é uma ditadura, é uma escolha. Certas coisas podem e precisam ser
debatidas, alteradas, modificadas para o bem comum, do grupo. Outras, são
regras fixas (como as que tratam de respeito, por exemplo). O que fazer? Nesses
casos, dance de acordo com a música. Escola/Faculdade é lugar de socialização,
integração, inclusão e... de aprendizado. Qualquer coisa que impeça esses de se
concretizarem de forma civilizada, estão erradas.
Não sei bem o que o próximo semestre letivo
reserva. Torço para que seja proveitoso, frutífero e enriquecedor em amplos
sentidos. Como comentava ontem com um grande amigo: não estamos nesse mundo
fazendo turismo. A vida aqui tem que render coisas boas. É preciso então que
nos esforcemos.
Estou cuidando da saúde (primeira semana de férias
fazendo exames e consultas), da mente (boas leituras, bons filmes, bons pensamentos),
da alma e do coração.
Amigavelmente, minha carga horária para agosto já
foi reduzida. Comum acordo. A melhor maneira possível. O contato, manteremos
via FoiceBook. Eram poucxs, creio, que compactuavam comigo, anyways.
Nos demais, tudo continua o mesmo. Pra melhor: vou
tentar resgatar quem eu era, como eu era. O contato com o cinema, as artes, meu
riso honesto. Mais contato com o pessoal que filma, grava, canta, toca, atua, “perfoma”.
É necessário que eu volte a existir para mim mesmo.
E ver e estar mais com Lili Moreira, Bruno
Medeiros, Victor Augusto, Melanie Miguel & Miguel, Sueid Mendonça, Vinicius
Novais, Zâina Maria, Iolanda Limonta, Maria Cláudia, minha Elissa, Gabriel, Sabrina,
minha família, minha família, minhas amigas da faculdade, o Grupo Pela Vidda...
há tanto a resgatar. E que prazer vai ser tentar esse resgate...
Por enquanto, restabelecendo a saúde, aproveitando
as férias, dando passos curtos e achando bom. Bora?